NO CAOS, OS DETALHES: UMA ESCUTA DE “AS CORES, AS CURVAS E AS DORES DO MUNDO”
“As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo”, lançamento de Lagum em 2025, é construído nos detalhes, e talvez seja justamente nisso que reside sua força e autenticidade. Nesse contexto, o conceito visual junto às composições aponta para a ideia de que o extraordinário não está no previsível, mas sim no improviso, na imperfeição, no caos urbano que, por trás do excesso, ainda abriga beleza e surpresas.
Ouvi o álbum pela primeira vez imersa nesse cenário. Entre trajetos, compromissos e sons que remetem ao caos urbano, encontrei nas faixas uma espécie de contraponto sensível à rotina acelerada. E, com pouco mais de 30 minutos, o disco apresenta sua singularidade rapidamente, sem pressa e sem desperdício. Contudo, bastaram as primeiras músicas para que eu percebesse que voltaria a ele inúmeras vezes.
Entre todas, “A Cidade” foi a que mais me marcou. Ainda que soe clichê, a faixa produziu em mim a conexão musical mais intensa de 2025. Os versos que, à primeira vista, parecem ter somente efeito poético, ganham outra dimensão quando vividos intensamente, quando de fato sentidos — assim como senti.
Logo vem a segunda conexão mais intensa, “Dançando no Escuro”, que explora o autoconhecimento, um momento de introspecção em um mundo que não para, uma escolha de evitar o ruído e a ansiedade da sociedade. E, por fim, “Eterno Agora”, que acalma o coração ansioso, relembrando que o presente é o verdadeiro significado de paz, e não no planejar o futuro — algo que marca a geração, marca a sociedade que busca apressar os passos e acaba se frustrando.
A partir dessas três canções principais, o álbum deixou de ser apenas uma audição e se tornou uma forma de observar o entorno. Percebi que raramente havia parado para olhar os detalhes. E foi justamente no inesperado que encontrei aquilo que a música sugere: a ampliação dos sentidos, a atenção aos detalhes, a descoberta do que sempre esteve ali, mas era facilmente ignorado.
Sendo assim, cada faixa é um convite claro a buscar equilíbrio emocional, se encontrar e encontrar sentido nos pequenos momentos do dia a dia e, principalmente, desacelerar. E se cada um carrega sua própria cidade, Lagum parece lembrar que essas cidades internas só permanecem vivas quando paramos para, de fato, dar um significado. Sem isso, viram caos. E nós também.

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